Os produtores de Mato Grosso estão segurando a venda de soja com a esperança de que os preços melhorem. A queda no valor da saca tem como pano de fundo a reaproximação comercial entre Estados Unidos e China.
Com esse movimento, existe a possibilidade de que o país asiático aumente a quantidade de soja importada dos norte-americanos, o que deve impactar a exportação brasileira.
No ano passado, o Brasil vendeu 82 milhões de toneladas de soja. Neste ano, a quantidade negociada deve recuar para 70 milhões de toneladas.
"Hoje, a oferta por saca de soja gira em torno de R$ 60, mas já tivemos vendas em torno de até R$ 68. Gostaríamos de atingir esses números novamente", diz o agricultor Luimar Gemi.
Luminar já encerrou a temporada de colheita, mas ainda tem 40% da produção para negociar, na esperança de que os preços subam.
A guerra comercial entre EUA e China criou um cenário atípico para os produtores brasileiros no passado: eles conseguiram vender e faturar mais com a soja.
"Como o Brasil estava praticamente sozinho, a cotações da soja brasileira foi lá para cima", diz o diretor-geral da Associação Nacional de Exportadores de Cerais, Sérgio Mendes.
Em 2018, o Brasil exportou 86% da produção de soja para o mercado chinês, de acordo com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. "Hoje nós já exportamos para muitos países, e temos um problema acontecendo que é a volta dessa relação comercial mais ampla entre EUA e China, que pode tirar um pedaço do nosso mercado", afirmou.
Um dos caminhos apontados pela ministra para mitigar os impactos dessa reaproximação comercial é a busca por novos mercados consumidores. "O Brasil cresceu muito, abriu esse mercado, mas fica muito concentrado. É mais um motivo para que a gente caminhe rapidamente para a abertura de outros mercados."